Há várias perguntas face ao burburinho vivido na Fase Final do CHAN, realizada na Argélia. Uma delas é se, neste momento, haverá no seio do grupo condições psicológicas para procurar um bom resultado na jornada dupla frente a poderosa formação do Senegal, que tem provado nos últimos tempos, estar a fazer um trabalho digno de realce?
A minha resposta roça ao negativo uma vez que são notáveis as desinteligências no grupo de trabalho.
Chiquinho Conde, como se diz, não quer que Martins Mucuana (Paíto), que por sinal é seu superior (vice-presidente para a área das selecções nacionais), perto dos jogadores.
Não parece ser um factor sem importância até porque, logo a seguir ao CHAN, Chiquinho Conde ficou abalado por uma situação familiar triste e ainda acresce porque o seu “suporte”, Eduardo Jumisse, não pode fazer parte da equipa. Apurou-se que este não tem nível exigido para estar nos “Mambas”. Mas para Chiquinho isso pouco importa. Precisa é de lealdade por perto, o que não parece encontrar com aqueles que o rodeiam, neste momento.
Pelo abalo social, Chiquinho tem que estar em Portugal e nem se quer veio a Maputo para a divulgação da convocatória dos elementos e iniciar os trabalhos por cá. O primeiro treino será mesmo em Dakar.
Como que a aumentar água à fervura iniciou a contestação à convocatória por este e aquele que não constam dela.
Para os treinadores de bancada, Lau King, Melque e até Nelson Divrassone são elementos fundamentais para esta equipa e deviam estar na convocatória. Mas esta é a opinião de quem não está a treiná-los, se calhar, nem percebe dos aspectos técnicos/tácticos.
Fervilha-se ainda mais por se propalar que os tais jogadores não constam da convocatória porque em Argel não aderiram à greve criada pelos dinheiros da premiação. Será isso verdade? Aliás, será verdade tudo que se diz de Chiquinho Conde, Jumisse?
Olha, nem cabe a mim defende, nem crucificá-los por isso. O facto é que o intervalo do episódio de Argel e os jogos com o Senegal é curto e ainda se exala o odor provocado pelas águas que correm por baixo do vale.
Sempre defendi que o treinador, seja no clube ou na selecção é soberano nas suas escolhas. Claramente que se eu fosse seleccionador, o João da Silva ou Alberto da esquina, os escolhidos seriam os outros.
Meus caros, agora cabe-nos aceitar o que o líder definiu e apoiá-los na busca de um lugar na Fase Final do próximo CAN. Também não conheço o tal guarda-redes “suíço”, mas se for escolhido para o “onze” terei de aceitá-lo e dar o meu apoio.
Quero lembrar que, Moçambique entra para a terceira jornada de qualificação ao próximo CAN a ocupar o segundo lugar do Grupo “L”, com quatro pontos, menos dois que o líder Senegal, seu adversário de terça-feira, que soma seis pontos. O Ruanda está em terceiro com apenas um pontos e o Benin vai em último, sem nenhum ponto.
Ganhar pontos nestas duas partidas, não obstante o reconhecido valor do oponente, é desportivamente possível. Não estou aqui a querer comparar um e o outro. Longe disso. Estou a dizer que é possível. Em futebol tudo é possível.
Gostaria, confesso, que a harmonia, nem que fosse divina, caísse sobre o grupo e, por via disso, haver consistência no momento do jogo.
Atenção: é melhor que deixemos as manias de grandeza. Vamos “cair na real”. Se perdermos não culpem os problemas que foram criados em Argel. Porque mesmo sem eles, pelo menos teoricamente, somos bem inferiores ao Senegal. Isso indiscutível. Da mesma maneira que, voltou a repetir: não perdemos com Madagáscar, no CHAN, por causa dos problemas que aconteceram por lá. Aqueles rapazes malgaxes têm futebol muito superior ao nosso.
Esta é a minha opinião e vale o que vale.
Resta-me, agora, desejar boa sorte à rapaziada e ao líder do grupo de Chiquinho Conde, esperando que tudo corra de feição.
Moçambique hoye!