Almiro Santos, em Abidjan
Existe uma diferença substancial na maneira como moçambicanos e cabo-verdianos encaram a nacionalidade e assumem o conceito de Pátria. Este diferencial, na percepção do paradigma do que nos é nativo, esteve mais do que evidente no jogo disputado entre as duas selecções nacionais aqui em Abidjan.
Para lá dos factores exclusivamente concernentes à abordagem do jogo, Cabo Verde levou uma vantagem comparativa em relação a Moçambique. O crédito maior que a equipa do arquipélago exibiu sobre os “Mambas” foi aquele que sistematicamente nos tem faltado para exibir a nossa identidade, mais concretamente a maneira como encaramos ou não a moçambicanidade.
Os cabo-verdianos assentam a sua nacionalidade nos fortes traços culturais e nas suas inequívocas manifestações. Tradicionalmente imigrantes e espalhados pelos quatro cantos do mundo, é espantoso notar como, mesmo assim, os ilhéus conseguem levar na bagagem – para além dos seus sonhos de imigrantes – todas as 10 ilhas vulcânicas e as suas mais diversas raças e costumes, numa espécie de cachupa onde cabem todos aqueles tiques insulares.