ALMIRO SANTOS, em Paris
Como prometemos, voltámos para esta segunda ligação ao sábado a partir da Torre Eiffel, de onde são necessários, pelo eficiente metro de Paris, uns 15 minutos para se chegar ao 5.º andar de um edifício construído à base de um tijolo laranjado e desbotado, que na Vila Olímpica faz de “Ponta Vermelha” da Missão Moçambique.
Pois bem, antes de chegarmos ao dito 5.º andar, e porque incontornável, atravessámos uma sobre-loja pejada de animados brasileiros, estes que montaram uma superestrutura aqui em Paris e vão destilando a habitual alegria com o seu “Manda Brasa, Brasil”, o seu bordão.
Sendo verdade que, em campo, a brasa dos brasileiros não é de índole a deslumbrar, a verdade é que a equipa de suporte que montaram naquele edifício, incluindo um ginásio, apenas nos torna ainda mais pequenos que o exíguo andar que os moçambicanos ocupam, mais do tipo de um senhorio que cedeu uma humilde dependência a um andarilho franciscano.
O tal 5.º andar trapalhão.
E foi daquela modesta pousada que se projectou a imagem atrapalhada da primeira das duas missões desportivas de Moçambique aqui em Paris, uma olímpica e a outra para-olímpica, que, para um arguto e dificilmente impressionável diplomata de carreira, seria a segunda experiência aquela que mais tem sido agradável hospedar.
Porque este 5.º andar trapalhão não vai deixar uma boa impressão no diplomata, que dele (do atabalhoado andar) esperava uma comunicação mais versátil, mais vertical mesmo, como acabou por desabafar aos seus patrícios jornalistas, aos quais muito habilmente se referiu ao bom exemplo dos para-olímpicos para falar das trapalhadas daquele desastrado andar.
Voltando ao nosso ponto de ligação, a Torre Eiffel, resta-nos acenar vivamente aos nossos patrícios que vivem aqui na França, uma diáspora que, infelizmente, não foi escalfada com contactos mais próximos com os atletas, na verdade os ídolos que os representaram nos Jogos Olímpicos de Paris e aos quais incondicionalmente apoiaram mas que, infelizmente, com eles não puderam afagar as dores das derrotas e partilhar o brilho das vitórias.
Esta é a desilusão que aquela velha raposa da diplomacia moçambicana, Alberto Maverengue Augusto, não conseguiu disfarçar quando, na sua acolhedora embaixada aqui em Paris, recebeu por duas ocasiões os franciscanos inquilinos daquele 5.º andar completamente desastrado…