ALMIRO SANTOS, em Paris
Vamos continuar naquela estação de Saint Denis, onde as vitórias africanas foram celebradas com euforia, como a da queniana Faith Kipyegon, que venceu a final dos 1500 metros e arrebatou, consecutivamente, o terceiro ouro olímpico e, como prenda para o “Africa Station”, estabeleceu um novo recorde olímpico.
Com 30 anos de idade, Faith já tinha sido campeã nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, repetindo a proeza nos Jogos Olímpicos de Tóquio realizados em 2021, após o que resolveu dar uma pausa para a maternidade. Não é que nos surpreende com este seu regresso, no Stade de France, onde conquistou novo ouro e um novo recorde olímpico: 3min51s29, deixando para trás a australiana Jessica Hull e a britânica Georgia Bell, que ficaram com a prata e o bronze, respectivamente, e ainda a imagem de uma performance notável da queniana, que também é campeã mundial e, por isso, já é considerada a maior corredora da distância feminina dos 1500 metros na história do atletismo.
Mas voltando a esta corrida, em particular, que aquela estação africana de Saint Denis viveu do mesmo jeito emotivo: Faith esperou que a sua amiga etíope, Gudaf Tsegay, ditasse o ritmo até completar a primeira volta e só depois Kipyegon acelerou para o primeiro lugar e, quando faltavam 200 metros, a queniana correu para casa, apesar da perseguição implacável de Hull e Bell.
A rainha dos 1500 metros, como é conhecida no Quénia, nasceu e cresceu no Vale do Rift, conhecido como um local que reproduz corredores de craveira mundial, e numa entrevista à Al Jazzira, depois de um evento da Diamond League, em Doha, recorda que “costumava correr descalça da minha aldeia até a escola, porque no meu país as escolas são tão longe que todas as crianças acabam correndo para chegar a tempo”.
Kipyegon tem uma filha, Alyn, e acredita que foi ela que a ajudou a retornar à competição, reconhecendo que “não foi fácil, pois mal consegui andar 20 minutos na primeira vez que voltei à pista”.