Edson Trapdoor Spider Machavane colocou o nosso país no mapa das prestigiadas lutas de Artes Marciais Mistas (MMA na sigla inglesa), ao tornar-se no primeiro moçambicano a conquistar o cinturão EFC (Extreme Figthing Championship), um sonho antigo que só peca por surgir dezasseis anos depois do falecimento da mãe deste lutador implacável, que no seu curto palmarés conta com o incrível registo de seis lutas sem conhecer o sabor amargo da derrota.
A noite de 14 de Novembro último era aguardada com inusitada expectativa, a avaliar pela multidão que acorreu ao World Sports Betting Arena, em Paulshof, Sandton, África do Sul, para testemunhar, entre outras lutas, àquela que colocaria frente-a-frente o nosso compatriota e o sul-africano Terrence “Black Panther” Balelo, na divisão flyweight (peso mosca, 56 kg), que acabou sorrindo para Machavane, por decisão dividida do júri. Em outras palavras, Édson é o novo campeão mundial.
O sul-africano estava convencido que chamaria a si a vitória, mas não imaginava que teria à sua frente um oponente disposto a fazer todo o sacrifício possível e imaginário para chegar à glória, ele que não lutava apenas por si, mas também pelo seu país e, sobretudo, pela sua mãe, falecida em 2008. Naquela noite, algo lhe dizia que a glória estava à porta.
“A energia nunca mente. Naquela noite eu sabia que seria campeão. Lembro-me que antes de entrar no cage olhei para o meu coach e falei para ele o seguinte, mesmo sabendo que tinha um bom adversário pela frente: esta noite vou trazer a minha mãe de volta”!
Não haveria, pois, melhor combustível que esse. Apesar de Black Panther ter-se mostrado um adversário à altura, o moçambicano deixou tudo no hexágono, fazendo valer as suas reivenções que foi bebendo das artes marciais mistas deste que largou Moçambique em 2019, sem um cêntimo no bolso, mas com energia de um survivor e com fé de que trabalhando duro, de forma abnegada, seria possível encontrar um lugar ao sol na África do Sul.