Há muitos prós e contras. Há avanços e recuos, há interesse e desinteresse, ou seja, uns querem, outros são indiferentes e até alheios à ideia. O que é certo é que o assunto da mudança da época desportiva é sempre actual, urgente e pertinente, mas que nalguns círculos é tratado de ânimo leve.
Na semana passada, a Liga Moçambicana de Futebol (LMF) esteve reunida em mais uma assembleia-geral, que culminou com o sorteio do Moçambola-2025 e que confirmou 17 de Maio como data do pontapé de saída do certame.
Dentre vários pontos discutidos na reunião-magna da LMF, a questão da mudança da época desportiva ou do calendário competitivo voltou a ser um dos pratos fortes.
Os clubes, sobretudo os de topo, defendem a mudança urgente da época para se adequar ao que acontece no resto do continente africano e do mundo.
Defendem que a manutenção do actual calendário prejudica, sobremaneira, o futebol nacional, a partir dos clubes que ambicionam as Afrotaças, selecções nacionais e os próprios atletas que enfrentam sérias limitações para serem inseridos em mercados estrangeiros, pois a nossa pirâmide está invertida.
Dizem que com o actual calendário que parte de Dezembro de um ano para Outubro doutro, contra Agosto a Maio da maioria dos países, estamos em contra-mão, pelo que não se pode sonhar alto nas provas internacionais.
Para os filiados da LMF, não faz sentido insistir-se com o actual modelo.
Quando se levanta este tipo de debates, a LMF endossa o assunto para a Federação Moçambicana de Futebol (FMF), o organismo máximo do futebol nacional e que por sinal é responsável pela definição da época e calendário competitivo.
Na voz da sua figura máxima, Feizal Sidat, a FMF defende um debate mais aberto e inclusivo, que deve chegar até às associações provinciais, pois na óptica deste dirigente aquelas é que fazem efectivamente o futebol, porque têm a maioria dos clubes.
Sidat defende que não se pode mudar a época desportiva com base no desejo somente dos clubes do Moçambola, há que se incluir a base, que são as associações, e recomenda que os clubes discutam e cheguem a um consenso com as associações provinciais a que estão filiados até de o assunto subir até a FMF.
Esta posição do presidente da FMF não caiu bem para os clubes do Moçambola, pois estes defendem um tratamento diferente dos que militam noutros escalões, porque o Campeonato Nacional é uma prova profissional, diferentemente da II Divisão, por exemplo.
Com estes posicionamentos, fica claro que há ainda muito pano para a manga. Há um longo caminho por se percorrer, até porque os que defendem a manutenção do actual calendário justificam, por outro lado, com as questões climáticas que, para eles, podem vir a afectar a prova.
Dão exemplo do pico da época chuvosa, entre Outubro e Abril, como sendo perigoso coincidir com a campeonato em curso, pois as chuvas têm afectado a muitos campos do Moçambola.
Os defensores da alteração do calendário rebatem e dizem que em todo o mundo chove, mas os campeonatos correm.
Quem tem razão? Não sabemos, mas o que é certo, o país não pode continuar como uma ilha, um mundo à parte e sem quaisquer referências.
Se países com poucas ambições nas Afrotaças e com um histórico mais pobre em relação a Moçambique nas provas de clubes e selecções como Eswatini, Lesotho, Botswana, Maurícias ou Seychelles têm a época desportiva alinhada com a do resto do mundo, de que estamos à espera para mudar?
Será que precisamos de um estudo para mudar um calendário competitivo que se mostra claramente desvantajoso e prejudicial às nossas equipas, selecções e atletas?