Outros Campos olhou à sua volta e decidiu que esta semana devia trazer à conversa o talentoso guitarrista e intérprete moçambicano Miguel Xabindza, um músico que vem enveredando pela “world music”, em cujas líricas estão indisfarçados rastos de jazz, funk e até o R&B norte-americano, porém com a particularidade de serem cantadas, grosso modo, em Ci-Ronga, Xichangana e Português. Ele canta “fusion”, na verdade.
Estava tudo preparado para que o encontro com Xabindza (literalmente algo que é pesado, em Ci-Ronga) ocorresse sábado último, mas por razões alheias à vontade do músico a entrevista acabou não tendo lugar, abrindo-se espaço para, por essa força maior, Outros Campos não falar com ele, mas sim dele.
DO TEATRO À MÚSICA
Miguel Xabindza nasceu para a arte, em particular para a música, pois quem o conhece bem sabe que desde miúdo já dava indicações de que a arte lhe corria sangue adentro. Mas foi no teatro onde começou a dar nas vistas, no Grupo de Gilberto Mendes, o Gungu, antes de por volta dos 23 anos de idade assumir, definitivamente, que a sua melodiosa voz (que já dava cartas na igreja) merecia ser explorada ainda mais na arte do (en)canto.