Durante cerca de duas semanas o país parou para se curvar ao boxe, com Alcinda Panguana e Rady Gramane, pugilistas internacionais moçambicanas como “obreiras” de um dos momentos mais altos da história da “nobre arte” nacional. Já há muito tempo não se via romaria igual, reeditando os tempos áureos de Lurdes Mutola e certamente o regresso de Moçambique na rota das medalhas mais cobiçadas do desporto mundial.
A dupla foi ao Mundial de Boxe Feminino, que decorreu de 8 a 20 deste mês, em Istambul, na Turquia, conquistar duas medalhas, uma de prata (Alcinda) e outra de Bronze (Rady), um feito inédito de Moçambique e da África subsahariana. Desempenho heróico e estóico destas duas meninas que soa nada mais e nada menos que a melhores pugilistas moçambicanas dos últimos tempos. Regressadas da Turquia, as heroínas foram recebidas como…heroínas!
Em Istambul, as pugilistas moçambicanas, treinadas por Lucas Sinóia, travaram quatro combates cada com adversárias de alto calibre, vencendo três e perdendo apenas um. Alcinda só perdeu na final frente à irlandesa Lisa O´Rourke, enquanto Rady ficou nas meias-finais depois de uma intensa batalha com a canadiana Tammara Thibeault.
As vitórias de Alcinda Panguana foram frente a Brianda Tamara Cruz, do México (oitavos-de-final), a segunda com a britânica de origem camaronesa Cindy Ngamba (quartos) e a terceira (meias-finais) diante de Valentina Khalzova, do Cazaquistão.
Os feitos de Alcinda na Turquia confirmam a sua ascensão no plano internacional, depois de ter falhado medalhas nos Jogos Olímpicos-2020, onde teve boas prestações, e no Torneio Internacional de Budapeste.
Actualmente, Alcinda Panguana é cinco vezes campeã regional da Zona IV, sendo que o último título foi conquistado no mês passado, em Maputo. No ano passado, juntamente com Rady Gramane, conquistou ouro no “Africano” da Zona III que teve lugar em Kinshasa, na República Democrática do Congo.
Rady, por seu turno, somou vitórias sobre Pornnipa Chutee, da Tailândia (16 avos-de-final) Suyeon Suong, da Coreia do Sul (oitavos), e Karolina Makhno, da Ucrânia (quartos).
Rady Gramane é atleta olímpica, detentora de cinco títulos da Zona IV e medalha de prata nos Jogos Africanos de 2019, e do Torneio Internacional de Budapeste que teve lugar em Fevereiro.
Com a conquista de prata, Alcinda arrecadou um prémio monetário de 50 mil dólares, enquanto Rady, com bronze, obteve 25 mil. Encaixe monetário considerável oferecido pela Associação Internacional de Boxe (IBA) que aproveitou o “Mundial” da Turquia para levar a sua imagem seriamente beliscada pelos escândalos de branqueamento de capitais, corrupção e venda de drogas por parte dos membros do seu elenco directivo destituído no ano passado.
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