O desporto moçambicano faz lembrar aquele cidadão que quando se apercebe que vai receber visitas ou quer ficar bem aos olhos dos que o observam limpa as partes mais visíveis da sua sala e quintal e ignora a poeira por baixo dos móveis.
Só por mandato judicial se irá a casa alheia levantar os tapetes e móveis. No caso do desporto, do futebol em particular, fazem-se selecções de indivíduos comprometidos com determinadas causas para manipular a opinião pública, desvirtuando o autêntico em pretensão clara de atirar areia para os olhos dos menos atentos, muitas vezes com sucesso, principalmente daqueles que só se preocupam com a bola dentro da baliza do adversário sem se saber como. Dizem os mais entendidos que um país merece os analistas, jornalistas, dirigentes e até que tem, expressando-me concretamente da modalidade que sempre terá a coroa. Sucede, porém, que entre esses tantos ilustres que fazem o “serviço sujo” há um lixo que exala perfume. Os apelos ao desenvolvimento e alerta dos perigos ao crescimento do nosso desporto vêm de vários quadrantes. Passam anos. As poucas pessoas corajosas que fazem eco para que o desporto tenha um percurso diferente encontram, de imediato, uma oposição de “poderosos fingidos”, que se escondem e fazem avançar um grupo de lacaios organizados para silenciá-los. É assim que, mormente, se assiste um diálogo de surdos, desconexo, que ajuda a manter o subdesenvolvimento de certa forma lucrativo para a classe dos que controlam tudo, hoje. Há indivíduos irreverentes que estão fora de combate porque o sistema os enfraqueceu. O grupelho da instabilidade combate a competência e promove a mediocridade, elogiada pelos lacaios. Escondidos numa cortina escura, os “poderosos fingidos” dão-se por satisfeitos porque estão sempre na pele de cândidos de vestes rosas. Os lacaios dão a cara. Isso é o que importa. Só que no seio dos lacaios há mais sujo que “pau de galinheiro”. Entre esses ilustres respeitados manipuladores de opinião há dossiers mal resolvidos. Um deles, que aparenta ser a voz acima de qualquer suspeita, presentemente refugiado em zonas de nostalgia, reaparece, de quando em vez, para se mostrar como moralizador, disfarçando o seu lado podre com um lençol esburacado e sujo.