A reorganização tem preço altíssimo. O novo seleccionador nacional tem a plena consciência disso. Acredito plenamente na sua inteligência. Ele sabe que está a pisar um terreno que, não sendo movediço, é propenso a escorregadelas, por estar repleto de cascas de banana postas e impostas. Estou quase certo que o técnico está ciente que se houve coisas louváveis deixadas por Abel Xavier também há muitas arestas por limar.
Para já, os tais cento e tal jogadores que estiveram no espaço da Selecção Nacional na era anterior não são de todo proveitosos. Sabemos todos que há jogadores de qualidade indiscutível e até posso dar- -me ao luxo de mencioná-los sem rodeios. Dominguez, apesar do peso dos 35 anos de idade, ainda é o jogador mais cerebral dos Mambas. Mexer e Zainadine, já na casa dos 30 anos, e pouco menos, são os melhores executantes que temos de momento.
O grosso de jogadores dos Mambas tem qualidade sofrível, porque a sua trajectória de formação foi deficitária, ainda que uns e outros acreditem que bem orientados, mesmo depois de chegar à fase adulta de competição, podem tornar-se excelentes. Isto até remete-me à história de um indivíduo que chegado aos quarenta anos comprou uma guitarra para aprender a tocá-la e tornar-se num dos melhores na especialidade. O Luís sabe bem o que digo.