A classe dos treinadores está uma autêntica selva. Já não se olham os meios para atingir os fins. Abdica-se do princípio que o co-nhecimento é a melhor arma para o suces-so.
Recorro à nostalgia para melhor dissecar sobre o assunto, lembrando que, quando proclamámos a independência, os treinadores em Moçambique eram grandes senhores. Um deles era Mário Coluna, o monstro sagrado, primeiro campeão nacional de Moçambique independente pelo Textáfrica. Era reco-nhecido no Sport Lisboa e Benfica como jogador, um grande líder e sempre uma referência obrigatória no futebol português. Cremildo Loforte, Altenor Pereira, João Luís Albasine, Belmiro Manaca, Rodrigo Santos, Martinho da Silva Almeida, que começou como joga-dor/treinador, eram os outros na mesma igualha. Há quem diga que estivessem desprovidos de conheci-mentos técnico/tácticos como os de outros pontos do globo terrestre naquele tempo, mas com competên-cia para o seu tempo.
Estes, chegados ao clube, todos curvavam-se pe-rante eles, desde jogadores, dirigentes, pessoal de apoio nos clubes, adeptos e sócios. Também eram autênticos pais para os jogadores. Todos eles tinham uma componente humana e social elevadíssima, que por vezes ofuscava a possibilidade de existirem lacu-nas na parte técnica.