Após a independência, alguns jovens moçambicanos foram abrangidos por uma medida governamental que visava fazer aproveitamento de alguns estudantes que tinham tido alguma relevância no seu percurso de ensino, que ficou titulada como “Geração 8 de Março”, cuja finalidade era prepará-los e, posteriormente, colocá-los em diversas áreas estratégicas do país, uma vez que nos primeiros anos muitos profissionais, sobretudo de origem portuguesa, deixaram o país para diversos cantos do mundo.
Do primeiro grupo do Centro 8 de Março, passado algum tempo, saíram quadros para diversas áreas, como educação, administração, entre outras. Do futebol, passaram por lá Artur Semedo, Gil Guiamba e Cipriano Rebeca dos Santos (Nito), todos do Costa do Sol, Mazula (Maxaquene), bem como os também “tricolores” João Vaz e Fernando Vaz (basquetebol). Ainda no Centro 8 de Março, figuravam jovens, da altura, como Castigo Langa, Ana Rita Sithole, Ribeiro Artur, Orlando Candua, Ungalani Baka Khossa, que no futuro tiveram relevo no aparelho governativo, na educação e na literatura em Moçambique.
– “Estávamos juntos engajados pelos mesmos princípios. Juntámo- -nos lá por um decreto do Governo, liderado pelo Presidente Samora Machel”, explica Artur Semedo.
– “Na altura, extinguiram-se as universidades porque não existiam professores qualificados para o efeito. Tínhamos aulas de vários cursos na Universidade Eduardo Mondlane. Uns seguiram letras e outros seguiram ciências. Ao mesmo tempo, tínhamos treinos político-militares. Acordávamos cedo para a concentração e depois marchávamos. Íamos à escola fardados a militares. Não andávamos à toa. Cumpríamos à risca o que estava estabelecido. Ninguém ousava fazer o contrário”, revelou.