Em 35 anos de Desafio celebramos essencialmente o desporto. Celebramos as derrotas que nos humanizam e nos enobrecem. Celebramos os empates que nos igualam e nos irmanam. Celebramos também as vitórias que nos glorificam, mas sobretudo nos dão lições de humildade.
Igualmente celebramos a resiliência e até a teimosia de alguns dos que aqui estão e de outros que já aqui não estão. Celebramos a vida daqueles que se moldaram nesta trajectória de crescimento e de afirmação como jornal, mas também daquelas vidas que precocemente se ausentaram, como a de Boavida Funjua, felizmente deixando o inestimável legado da militância e da resistência.
Celebramos 35 dos 47 anos da independência de um país também projectado e conhecido pelo desporto, com particular relevo e substância para as duas figuras que hoje homenageamos, Chiquinho Conde e Maria de Lurdes Mutola.
Ambos construíram, por mérito e esforço próprios, duas carreiras de sucesso. Cada um na modalidade desportiva que abraçou, com desmesurada paixão e arrebatamento. Chiquinho foi simplesmente o primeiro futebolista moçambicano do pós-independência a transferir-se legalmente para o estrangeiro, onde brilhou e fez brilhar Moçambique, desde o Belenenses, Vitória de Setúbal, Sporting Clube de Portugal, Sporting de Braga, Alverca, Portimonense, Montijo e Imortal, em Portugal; New England Revolution e Tampa Bay nos Estados Unidos da América, e ainda o Creteil da França. Arriscamo-nos a dizer que muitos dos que se lhe seguiram as peugadas a ele lhe devem a audácia e a determinação. Desbravou o caminho!
Maria de Lurdes Mutola é simplesmente a nossa menina de ouro. desafio assim titulou. Foi campeã olímpica nos Jogos de Sydney em 2000, mas já tinha conquistado a medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996. Ganhou três medalhas de ouro nos campeonatos do mundo de Stuttgart, na Alemanha em 1993, Edmonton, no Canadá em 2001, Paris em 2003. A estas medalhas juntam-se as de prata e bronze nos mundiais de Sevilha e Atenas, em 1999 e 1997. Nos mundiais de pista coberta em que participou, Lurdes conquistou sete medalhas de ouro, mais uma de prata e outra de bronze. Nos Jogos da Commonwealth Lurdes ganhou duas medalhas de ouro, em Kuala Lumpur em 1998 e Manchester em 2002. Em Melbourne, em 2006, ganhou o bronze.
Não é, pois, pelo facto de terem sido os protagonistas da primeira edição do desafio que os homenageamos. Outras tantas edições se seguiram, tendo Lurdes e Chiquinho como manchete e, por seu intermédio, dando visibilidade a Moçambique, fazendo manchete deste país de 47 anos.
Por tudo isto, e pelo muito que a oportunidade não nos permite recontar, nos seus 35 anos o jornal desafio homenageia Lurdes e Chiquinho, estendendo o momento de distinção para Martinho de Almeida – cujas crónicas publicadas no desafio (Um Pouco de Marsia) – engrandeceram-nos e enriqueceram-nos como jornal; para Boavida Funjua, cujo jornalismo raçudo e vigoroso se tornou viral e a muitos inspirou, e para o Domingos Elias, em cujos fotogramas estão registados os momentos mais sublimes do desporto moçambicano, os aplausos, os risos, os choros, as alegrias, as tristezas e até os apupos. Porque destas emoções todas é feito o desporto.
Comprometidos com os factos, hoje celebramos estes 35 dos 47 anos da independência nacional de Moçambique, correndo por gosto.
Por isso não nos cansamos.
Obrigado.
*Discurso do Director Editorial do Jornal Desafio, Almiro Santos, por ocasião dos 35 anos do Jornal Desafio!
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