Confesso que os cenários actuais metem-me medo. Medo de tudo que se pode traduzir pela mudança. Se calhar porque estou sempre a espera de ver uma luz desejada num horizonte onde todas as peças se encaixassem, mesmo que a máquina não seja controlada por um engenheiro de créditos firmados.
O nível de medo aumenta porque não são exigidos os termos de referências para quase nada, se calhar porque o lobby resolve tudo. Não há regras. Para onde vamos, afinal?
Assim, facilmente o vírus propaga-se pelo tecido desportivo a velocidade preocupante e a breve trecho criam-se coágulos em vários cérebros, ampliando facilmente a porta do abismo.
Num passado, não muito remoto, quando Inácio Bernardo desempenhava as funções de director Nacional do Desporto, desencadeou-se uma acção que visava criar normas para inserção no dirigismo. Era uma forma de impedir que qualquer um acordasse e sonhasse em ser dirigente desportivo, quase sempre com interesses que, em certa medida, não são para servi-lo. Muito pelo contrário.
A ideia divulgada por Inácio Bernardo sobre o perfil do dirigente desportivo morreu na gaveta. Mais um. Não se sabe ao certo se por iniciativa própria ou de alguém que considera o desporto deve continuar como está. Sem rumo e usado como “cortina de fumo” para qualquer coisa.
Há vários exemplos de dirigentes que se projectaram graças a sua inserção no desporto. É evidente que não trouxeram algo sustentável para desenvolvimento desportivo. Por isso, não de causar espanto para ninguém que o degradação que se assiste dia após dia, por ausência de políticas solidas sobre quem deve ser dirigente desportivo, de facto.