O futebol moçambicano já teve defesas durões e viris, casos de Tinga, Mandito e Lázaro (Maxaquene), Messias, Gito, Nelinho e Zé Augusto (Costa do Sol), Miguel e Bruno (Estrela Vermelha), Mabjaia, Fumo e Zabo (Ferroviário de Maputo), Boror (Textáfrica), Jerónimo e Panguana (Palmeiras), só para citar alguns exemplos. Nessa galeria, Bobo merece um lugar privilegiado, sem dúvidas.
Formou-se no Maxaquene, mas afirmou-se no Desportivo de Maputo, em 1995, como lateral-direito, ano em que o clube ganha o título de campeão nacional. Bobo era daqueles defesas que impunham respeito na zona. Duro e viril, mas sem maldade, como sempre defendeu, sempre que disputasse lances de um para um só tinha duas hipóteses. Ou ganhava ele ou então ganhava… ele.
Essa forma peculiar, espectacular e pouco comum de jogar foi herdada do seu progenitor. É que Bobo é filho do ex-jogador do Sporting de Lourenço Marques, que também se chamava Bobo, um outro destemido “racha-lenha” que fez furor no plantel leonino em finais dos anos 60.
Quem o conheceu diz que Bobo-pai tinha pernas de aço e era dotado duma força e entrega incríveis, o que fazia de si um jogador muito competitivo, cujos parceiros na defensiva dos “leões” eram geralmente Chong e Satar (a centrais) e Perico (à esquerda).
Isto para dizer que a virilidade, a vontade de ganhar, o não aceitar perder, o não virar a cara à luta e outras características profundamente vincadas na personalidade deste jogador que ia a todas com tudo não são fruto de mero acaso. É tudo uma questão de berço. Tal pai, tal filho!
Depois do Desportivo, o nosso entrevistado transferiu-se para o Ferroviário de Maputo em 1998, onde faz uma época e depois ruma para o Chingale. Aqui, ao cabo de duas épocas, decide pendurar as chuteiras.