Almiro Santos, em Abidjan
Didier Drogba, o mais emblemático jogador da Costa do Marfim, não conseguia esconder a emoção. O que sempre sonhara, ainda como jogador, estava a concretizar-se diante dos seus olhos, marejados de lágrimas: a nação costa-marfinense reencontrava-se, ali mesmo sobre a ponte Ado, com vista privilegiada para o Stade Olimpique Alassane Outtara, onde decorreu a cerimónia de abertura e o país recebia os seus convidados. De África e de todos os continentes. Akwaba, ou seja, também, bem-vindos!
Decorria a segunda guerra civil na Costa do Marfim, nos anos 2010-2011, quando Didier Drogba, ainda jogador dos “Elefantes”, fez uma declaração emotiva no final de um jogo em que a sua selecção disputava uma eliminatória para o CAN, na Somália. O então jogador do Chelsea, ladeado pelos companheiros, ajoelhou-se numa concorrida conferência de imprensa e apelou a todos os beligerantes no seu país para que parassem com a guerra e olhassem para o sofrimento do povo.
– Je vous en prie – “eu vos suplico”, disse, na altura, o jogador, ajoelhado e em lágrimas.
No sábado, o país e o povo que Didier Drogba chorava no seu apelo desesperado estava reunido e mostrava-se ao mundo, mas, mais do que isso, fazia o que de melhor sabe fazer, receber e exibir a sua infinita hospitalidade, numa mensagem concentrada na simpática mascote, o elefante Akwaba, figura incontornável na colorida cerimónia de abertura.
