Por: Almiro Santos, em Paris
Nunca o “Moulin Rouge”, o mais famoso cabaré francês, tinha sido tão adequado para se referir ao reconhecido padrão de elegância, sofisticação e inovação dos parisienses, cujo fascínio continua a influenciar a moda no mundo inteiro. Se Londres, Milão e Nova Iorque perderam para Paris a posição de capital mundial da moda – graças ao Rei Luís XIV, que a transformou em indústria – a cerimónia de abertura de sexta-feira confirma mais outra conquista gaulesa: Tóquio perdeu para Paris o “le sensitif pour l’émotionnele”, como explicamos mais adiante…
A cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio foi toda sensitiva. Vivia-se num contexto da pandemia da Covid-19 e a humanidade, tal como ela é conhecida em termos de relações sociais, estava destroçada. O Japão, não se lhe pode negar, reiventou-se e acolheu os jogos, pela segunda vez na história do país, adoptando um “modo sensitivo” de expressão social.
Com os estádios vazios e as pessoas confinadas em cordões sanitários, restava aos japoneses convencer os seus visitantes de que havia uma outra fórmula de convívio social no contexto da ameaça que foi a Covid-19, e foi precisamente a etiqueta sensitiva, muito desenvolvida na convivência nipónica, que vigorou nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Volvidos três anos – porque os jogos de Tóquio, na verdade, se realizaram em 2021 – a fórmula sensitiva dos japoneses foi substituída aqui em Paris pela praxe “emocional”, largamente explorada pela reconhecida criatividade e sofisticação dos franceses, que nesta cerimónia de abertura deram asas à sua imaginação e… extravagância!