Almiro Santos, em Paris
Há uma questão existencial aqui em Paris que em tudo se assemelha à tragédia de Hamlet, de William Shakespeare: “To be, or not to be, that is the question”, ou seja “Ser ou não ser, eis a questão”. Neste caso, trata-se de saber se eram mulheres ou homens a competir entre si na polémica que foi despoletada no combate de boxe entre a argelina Imane Khelif e a italiana Angela Carini, precisamente na categoria da nossa Alcinda Panguana.
Estes casos não são novos no desporto. Maria de Lurdes Mutola e Argentina da Glória, sobretudo esta última, já foram vítimas deste ostensivo “bullying” reinante no desporto de alta competição, alguns dos quais com contornos de perseguição, como é o caso de Tina, que obrigou a intervenção do Comité Olímpico de Moçambique e de uma reputada junta médica em Maputo.
Tina da Glória só voltou a competir depois de uma composta delegação de Moçambique deslocar-se à sede da IAAF, no Mónaco, e depositar um relatório exaustivo e circunstanciado, inclusivamente com análises médicas anexadas, para comprovar que a atleta moçambicana dos 800 e 1500 metros era, de facto, uma mulher!
O CASO DA ARGELINA IMANE
Este debate, que pode parecer bizarro, começa imediatamente depois de a pugilista argelina dos 66Kg Imane Khelif vencer aitaliana Angela Carini, num combate que durou menos de um minuto, precisamente logo depois dos primeiros golpes à italiana de 25 anos, que afirmou ter decidido abandonar a prova devido à dor intensa no nariz.