Por: Alberto Tsenane
Quem disse que entre reclusos não há craques? Engana-se quem nunca os viu jogar. Entre eles há muitos “putos maravilhas”. Os tipos são bons ao ponto de na sexta-feira passada terem roubado o olhar atento do antigo capitão dos “Mambas”, Tico-Tico. Eles sabem tratar o esférico. Conhecem muito bem as regras do jogo e, acima de tudo, cultivam o “fair-play”.
Quase que ninguém fica fora do jogo. Quando é dia de jogo, todos reclusos concentram-se no campo existente no Estabelecimento Penitenciário da Máxima Segurança da Machava (BO), Província de Maputo. Para além de craques, há claques que rodeiam o recinto, puxando pela sua equipa. Todos têm o mesmo objectivo: fazer a festa. Tudo é entre eles, a partir dos jogadores, árbitros e assistentes.
O evento, que é disputado numa espécie de campeonato, visa conciliar o desporto ao processo de reabilitação e reinserção social do recluso, sendo que a prática do futebol é uma actividade que propicia o desenvolvimento do espírito de solidariedade e partilha, concorrendo para melhorar a saúde dos reclusos. Na sexta-feira, o derradeiro embate que decidiria o “rei” das quatro linhas entre os reclusos juntou Maxaquene Central e Maxaquene “BO”.
Maxaquene Central, equipa visitante, entrou melhor e no minuto seis, numa autêntica oferta do guarda-redes da “BO”, chegou ao golo, por intermédio de Zeferino. Banho de água fria para os donos da casa, que viam a sua equipa a ser maltratada. Contudo, os adeptos não desistiam de puxar pela sua equipa, e os jogadores responderam ao apoio da sua “claque”, marcando o golo de empate no último minuto da primeira parte, por Loló. Com o resultado foi-se ao descanso.
Na segunda parte, o Maxaquene “BO” foi mais dominante, mas não conseguiu chegar ao golo de triunfo. Findo os 90 minutos, a partida foi directo à marca das grandes penalidades. Os visitantes foram mais eficazes, marcando cinco golos, contra quatro da equipa da casa.