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OPINIÃO

SOBRE O CENTENÁRIO DO FERROVIÁRIO DE MAPUTO

Sim! É mesmo verdade. O gigante Ferroviário de Maputo completou 100 anos na semana passada, a 13 de Outubro. Discretamente!

Uma discrição, contudo, insuficiente para apagar a longa e rica história escrita pela família ferroviária nestes cem anos. Uma história que pode não valer muito para quem gere hoje o clube, incluindo a empresa integradora, os Caminhos de Ferro de Moçambique. O Ferroviário de Maputo é dos clubes mais internacionais, através de seus atletas nas diversas modalidades. Em atletismo, futebol ou basquetebol, o clube fez-se conhecer por África fora.

E essa internacionalização não foi resultado apenas de orçamentos robustos. Mas de inteligência, gestão e organização. De sacrifícios e ambição. Aos cem anos, que Ferroviário vislumbramos? Ou queremos vislumbrar?

Há muito que perdeu a hegemonia de outrora nas modalidades. O boxe  e a natação arrastam-se. O atletismo e o basquetebol continuam fortes, apesar dos pesares. O andebol está em ressurreição. O futebol já se sabe. O jejum de títulos vai longo.

Não há notícias do Estádio da Machava. Um património nacional gerido como se de coisa individual se tratasse. Não se abrem as portas para comunicar em que fase estão as obras de requalificação. Todavia, sabe-se que existe um orçamento aprovado para as obras que estão em curso e sem data de conclusão.

Seguro é que a modernização do velho Estádio da Machava está em marcha. A mega obra de renovação, orçada em dez milhões de dólares, cerca de 700 milhões de meticais, tem como pano de fundo a substituição da relva sintética pela natural, nada mais, nada menos que um regresso à realidade.

É que desde a sua edificação, em 1968, o piso sempre foi revestido de relva natural, até que em 2008 mudou para a artificial. Sabe-se que o sistema de rega é um tema que ainda está em análise, estando o estudo numa fase final.

Outra questão que se coloca é sobre onde vão nascer os novos balneários do Estádio da Machava? Esta pergunta tem provocado dor de cabeça no seio da equipa de especialistas que se esmeraram para que o recinto ganhe uma imagem ao nível dos grandes estádios internacionais, respondendo às exigências da CAF e da FIFA.

Com os antigos balneários subterrâneos descontinuados e os que vinham sendo utilizados junto ao edifício, localizado ao redor do estádio, muito afastados do campo, a CAF deixou como “TPC” a construção de balneários mais próximos ao estádio e devidamente preparados para receber as equipas e arbitragem, equipadas com cacifos, sendo que nesta mesma área deverá ter uma sala anti-doping, de massagens, para fazer gelo e ainda um posto médico.

A construção de um novo túnel, onde nasceria um novo balneário subterrâneo, obrigará a  mexidas na estrutura do estádio considerado património histórico, desportivo e cultural do país. 

O novo balneário deverá ter igualmente acesso fácil e seguro ao estacionamento, onde ficarão as viaturas das respectivas equipas. Portanto, foi prometido que tudo está sendo feito para que as obras de requalificação do estádio respondam ao nível dos grandes palcos internacionais.

Sublinhe-se que devido às obras, o Ferroviário de Maputo viu-se obrigado a jogar no campo do Costa do Sol na época 2023, e este ano tem vindo a evoluir no campo do Afrin, como nova casa emprestada.

Além da colocação da relva, construção de balneários novos, esta fase, que é primeira,  compreende, segundo o plano director de requalificação e modernização, a  reabilitação de toda zona VIP (Tribuna), renovação da vedação exterior, pintura e sistema de detenção de incêndios. 

Na segunda fase está previsto a montagem de cadeiras nas bancadas do estádio com capacidade para 45 mil espectadores, construção de dois campos de treino, centro comercial,  pavilhão gimnodesportivo, melhoria da iluminação e montagem de uma tela gigante.

A  conclusão da etapa inicial estava, conforme foi referido, previsto para finais do presente ano, e a segunda para finais de 2025, o que revela um atraso gigantesco na execução das obras.

Basta lembrar que foi em Maio de 2023 que iniciaram os trabalhos na “Machava” com uma equipa escalada para fazer a perfuração do solo por forma a ter-se a espessura da placa de betão que é necessário demolir, um trabalho que já foi feito. Demoliu-se uma parte da camada de betão asfáltico e de Tout-Venant (material de mina ou pedreira utilizado antes de qualquer tratamento) numa área de quase oito mil metros quadrados (105m x 68m), dimensões do campo, naquela que foi a primeira fase de execução para a implementação da nova relva e que se pode avaliar como bem-sucedida, na medida em que o sistema de rega e drenagem não ficou afectado, algo que se temia na operação de partir o solo.

Em Novembro de 2023, os trabalhos no terreno prosseguiram com a retirada da relva sintética. De lá para cá vai se trabalhando nos gabinetes à procura de melhores soluções para levar avante a fase mais delicada.

Enfim, é nesta discrição que um dos maiores clubes do país faz 100 anos. Lamentável!

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Foi fundado no dia 24 de Junho de 1987 como presente da Sociedade do Notícias aos desportistas por ocasião dos 12 anos de Independência Nacional, que se assinalaram nesse mesmo ano.

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