Coincidentemente, a carreira deste “preso político” terminou onde começou, no campo do Ferroviário da Baixa, contra o mesmo adversário, a Académica. Estreou-se em 1969, nos juniores, contra a Académica. Despediu-se precocemente em 1977, contra a mesma Académica, com o condão de salvar o Ferroviário da despromoção para a II Divisão. O golo solitário foi dele, a concluir um cruzamento de Almeida Ubisse. Depois disso nunca mais foi visto nos campos. Retirava-se por conselho médico aos 26 anos de idade.
O MENINO DE TSALALA
Chama-se Arnaldo José Nhantumbo. Nasceu em Tsalala, a 26 de Janeiro de 1951, filho de José Nhantumbo e de Laurinda Muianga. É o primeiro de seis irmãos. Depois de si vêm Amélia, Luciana, Aníbal, Madalena, José e Vasco.
O seu gosto pelo futebol começa nos tempos da escola primária e ganha mais ímpeto com o incitamento do seu pai, que criou uma equipa em Tsalala, o Botafogo de Tsalala. “Joguei nessa equipa e noutras do bairro”.
O tempo foi passando e, sentindo-se mais maduro e preparado para grande voos, tem a primeira oportunidade de entrar para o futebol federado, pela mão de um primo, que tenta levá-lo ao Costa do Sol.
Só que o pai, adepto ferrenho do Ferroviário, não ficaria satisfeito em ver o filho vestido de vermelho e branco, cores do Benfica de Lourenço Marques, pelo que Arnaldo é desviado para o Ferroviário.