Jornal Desafio
COSTA DO SOL: DE PÉ: Martinho de Almeida, Eduardo, Messias, Ramos, Ibrahimo Hatia, Tinga, Castigo, Nelito e Moiana. AGACHADOS: Tomás, Nito, Matola, Caldeira, Gil, Luís e Artur Semedo
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MARTINHO FOI UM REVOLUCIONÁRIO

Era impossível conversar com Semedo sem destacarmos o papel preponderante que o técnico Martinho da Silva Almeida teve na sua carreira e na de muitos colegas do seu tempo. Semedo não poupou elogios ao dono do método de treinamento MARSIA, que, no fundo, são as iniciais do seu nome.

“Decididamente, Martinho de Almeida foi o treinador que acabou por apadrinhar, digamos assim, a minha notabilização no futebol enquanto sénior. Considero o Martinho um revolucionário. Rompeu com as normas de treinamento vigentes na época. Naquela altura, as equipas treinavam duas vezes por semana e Martinho veio mudar isso”.

Semedo conta que “os jogadores-estudantes como eu, Luís, Ramos, César, Caldeira, entre outros, tinham mais disponibilidade para o treino em relação aos jogadores-trabalhadores, e Martinho criou um método de trabalho exaustivo. Ele próprio tratou de fazer a recolha dos jogadores das suas casas para o treino matinal das 6.00 horas. Depois voltávamos a treinar no período da tarde, numa altura em que nenhum outro clube fazia isso”.

Não tem dúvidas de que “jovens que éramos e a treinarmos dessa forma é evidente que ganhámos uma maturidade competitiva para ombrear com aqueles clubes que eram os melhores na época. Tínhamos outra dinâmica de jogo. Pela desenvoltura que exibíamos em campo via-se que tínhamos qualidade de trabalho acima dos outros. O Benfica começou a destacar-se graças ao Martinho de Almeida”.

Numa última análise, “Martinho fez de nós jogadores diferentes. Conseguiu fazer com que estivéssemos acima daquilo que nós não acreditávamos. No ramo psicológico, ele era excelente. Mas houve outros treinadores que me marcaram, ainda no Costa do Sol, como Jorge Reyna, que trazia experiência internacional e com conhecimentos suficientes para incrementar as capacidades que já havíamos desenvolvido com o Martinho”.

Não deixa de dizer que “também passei pelas mãos de alguns treinadores medianos, curiosos, autodidacta, que se valiam da sua experiência dos tempos em que foram jogadores, com métodos empíricos e rudimentares, como era comum naquele tempo. O futebol moçambicano levou muito tempo para contrariar esta tendência, infelizmente”.

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