A indicação do político Caifadine Manasse ao cargo de ministro da Juventude e Desporto suscitou entre os desportistas moçambicanos vários comentários, incluindo alguns que apontavam ao facto de o antigo porta-voz do partido Frelimo não ser um desportista nato ou um homem com um histórico notável em qualquer modalidade.

Foi ainda nesse contexto que ficámos a saber que Caifadine Manasse praticou desporto escolar e já adulto, enquanto político e deputado da Assembleia da República, estimulou a prática desportiva na província da Zambézia, patrocinando torneios desportivos, mormente através da oferta de material desportivo, sobretudo bolas.
Nessas conversas, muitas vezes pedimos minutos para intervir no sentido de reforçar que o desporto está a precisar de um gestor comprometido com a agenda nacional dos diferentes agentes do que propriamente de um antigo praticante notável e com passagens pelas selecções nacionais.
Em menos de trinta dias após assumir o leme do desporto, confiado pelo presidente Daniel Chapo, Caifadine Manasse parece que nos ouviu e está a nos dar razão do que temos falado em conversas informais com os nossos amigos e colegas.
As primeiras aparições públicas de Caifadine Manasse junto do movimento associativo são indicativas de que podemos, em conjunto, construir um desporto cada vez melhor e consolidar as conquistas mais recentes nas várias disciplinas.
Quando Manasse foi ao treino da Selecção Nacional de basquetebol feminino transmitiu o compromisso do Governo em apoiar moral e financeiramente as equipas nacionais para conquistarem resultados vistosos, quando forem chamadas a competir além-fronteiras.
A selecção de basquetebol falhou o objectivo em Luanda, onde perdeu a qualificação para o Afrobasket diante de Angola e não foi, desta vez, porque o Governo não esteve lá e mandou passear as jogadoras. Não! Essa sensação tivemos aquando da participação no torneio pré-olímpico do México, quando, inclusive, a delegação fez vai e volta ao Aeroporto Internacional de Mavalane, por falta de garantia de passagens aéreas, o que culminou com a chegada à cidade anfitriã do torneio em cima da hora do jogo, saindo a delegação do aeroporto directamente para o pavilhão e com os resultados que todos conhecemos.
Então o que falhou em Luanda para Moçambique estar agora a chorar a não qualificação para o Afrobasket da Costa do Marfim?
Falhou, no nosso entender, a estratégia, que incluía a escolha ponderada da equipa técnica, das jogadoras e um devido tempo de preparação para os dois jogos decisivos frente à Angola. Ficou a sensação de que os dirigentes da Federação Moçambicana de Basquetebol tiveram certeza da qualificação antes da hora, o que no desporto é cada vez menos recomendável e esperamos sinceramente que tenha ficado a dura lição para que coisas do género não se repitam numa modalidade em que o país tem talentos quanto baste para estar numa fase final do basquetebol feminino continental.
Caifadine Manasse também elegeu como prioridade dos 100 dias de governação o pagamento de cerca de 31 milhões de meticais devidos aos atletas medalhados ou que conquistaram títulos em competições internacionais, tal como estipulado pelo Regulamento de Premiação Desportiva.
Ora, este é um desejo (e necessidade) dos atletas que deve ser ser respondido, até para deixar claro a todos moçambicanos que vale a pena os nossos filhos praticarem desporto de alta-competição.
Solucionar a preocupação dos atletas é, também, um sinal de que o Governo quer e deseja paz com os agentes desportivos e não aqueles espectáculos cinzentos e funerários assistidos ano passado, quando deu a entender que todas possibilidades de diálogo com os atletas estavam esgotadas.
Por fim, mas não em último, Caifadine Manasse nos dá alento de que o Complexo Desportivo do Zimpeto terá efectivamente um tratamento mais sério à dimensão do investimento realizado. As obras de vedação do recinto em curso são demonstrativas de que afinal era possível proteger a pista de aquecimento, o campo adjacente e outras infra-estruturas ali construídas.
Depois disso, esperamos que as intervenções no relvado sejam regulares para permitir que o Estádio Nacional do Zimpeto não continue a ser sistematicamente banido pela Confederação Africana de Futebol (CAF).
Aliás, auguramos que a visita hoje de Caifadine Manasse ao recinto projectado para a construção do Centro Técnico Nacional pela Federação Moçambicana de Futebol venha também espevitar um aproveitamento maior de toda área projectada para o Complexo Desportivo do Zimpeto.