Chama-se Victor António Ferreira, este esquerdino conhecido pela sua técnica, força e resistência como poucos, qualidades que lhe fizeram vencer no Costa do Sol, clube que o roubou ao seu satélite Chingale de Tete, em 1992. Nasceu em Tete, a 24 de Fevereiro de 1969.
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É filho de António Ferreira, uma respeitável ex-vedeta do Sporting de Tete, antiga designação do Chingale. Sua mãe é Rosa Agostinho. Ferreirinha é de uma família de cinco irmãos, reduzidos para quatro pela morte de Marito, o segundo da casa. Agora é seguido por Sandra, Sérgio e Gerson. “Além do meu pai e de mim, o meu falecido irmão também jogou no Chingale, mas terminou nos juniores”.
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O nosso entrevistado já jogava no bairro, mas a sua verdadeira história, ou seja, o casamento com o Chingale, surgiu de forma curiosa. Acidental. Em 1987 estudava de tarde, na Marien N’gouabi, e saiu da escola na companhia do seu amigo Quinito, infelizmente já falecido, com o fito de assistirem aos treinos da equipa júnior do Chingale, no antigo campo do clube. Estava longe de pensar que a partir daquele dia a sua vida iria mudar substancialmente, tornando-se num jogador de futebol federado, na melhor equipa da sua cidade.
“Nesse final de tarde, eu e o Quinito chegámos ao campo e acomodámo-nos nas bancadas, à espera de assistir ao treino. Aconteceu que faltavam dois jogadores para as equipas jogarem onze contra onze. O treinador Zé Manuel viu-nos nas bancadas e perguntou se podíamos completar o número. Ninguém podia desperdiçar uma oportunidade daquelas”.
Mas o melhor vinha aí.
“O meu amigo jogou na equipa adversária como avançado, e eu joguei como médio-esquerdo. Tive a sorte de marcar dois golos. O treinador gostou e no fim do treino fez-me umas perguntas. Ele não me conhecia, mas conhecia o meu pai, pois jogaram juntos no Sporting. Pediu-me para levar comigo a minha cédula no dia seguinte. Assim fiz e a partir daquele momento tornei-me jogador do Chingale”.
Aquilo que parecia um simples passeio, após mais um dia de aulas, produziu um compromisso sério, pois Ferreirinha não só foi inscrito como jogador júnior do Chingale, assim como no seu ano de estreia com a camisola “canarinha” ajudou a equipa a conquistar o Campeonato Nacional da categoria, sem uma derrota sequer.