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Brera sumiu do mapa por falta de fundos
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REPORTAGEM

BRERA CAIU PORQUE INVESTIDORES DEFINIRAM NOVAS PRIORIDADES

Cerca de dois anos depois de ter entrado em actividades no mercado desportivo nacional, o projecto Brera Tchumene FC caiu por terra, com a decisão de desistência do Moçambola e a retirada de toda a actividade desportiva em si, o que se oficializou na semana passada com a submissão dos ofícios às entidades gestoras do futebol nacional.

Nesse projecto, que existia desde Outubro de 2022, que culminou com a presença inédita no Moçambola, no ano passado, Junaide Lalgy, sócio-gerente da empresa Transportes Lalgy e proprietário da Black Bulls, desempenhou o papel de principal investidor moçambicano do Brera Tchumene, sendo que a parte estrangeira do capital pertencia ao grupo italiano Brera Holdings, numa parceria que previa a partilha de 50 por cento dos custos operacionais para cada lado.

Em entrevista ao desafio, Lalgy explica que a decisão da extinção do Brera Tchumene foi muito difícil, mas ponderada, sublinhando que os seus investidores, nomeadamente a Transportes Lalgy e a Brera Holdings, definiram outras prioridades face às expectativas quase nulas de obtenção de algum retorno financeiro a curto ou médio prazos.

“O Brera Holdings definiu novas prioridades, depois de analisados os cenários em Moçambique. No seu projecto de expansão pelo mundo adquiriu outros clubes, com destaque para um da Série B Italiana, o que pode ter desviado grandemente as suas atenções de Moçambique para Itália, onde é mais fácil obter retorno. Depois da época-2024, as duas partes que metiam dinheiro sentaram-se para o balanço. Os gastos foram esmagadoramente superiores aos ganhos. O clube tinha um orçamento inicial de 20 milhões de meticais, mas os valores subiram em 50 por cento, ou seja, até 30 milhões, sendo que o adicional acabou sendo encargo para a parte moçambicana. Desportivamente, os resultados não foram bons. Não estamos a falar de ganhar ou não jogos, mas a projecção internacional dos atletas, o que podia dar ganhos financeiros”.

“De vários jogadores que tínhamos no plantel apenas dois é que se revelaram seleccionáveis, nomeadamente Júlio e Anacleto, que em Janeiro deviam ter ido a Brera Strumica, na Macedónia, como uma rampa de projecção para outros voos, mas devido ao atraso dos vistos acabaram ficando em terra, pois o mercado local fechou a 8 de Fevereiro.

As expectativas de receitas internas também não foram boas. Esperava-se algum encaixe com o marketing, bilheteira e patrocínios, mas isso foi quase zero.  Feitas as análises, do lado do investidor estrangeiro constatou-se que o projecto não era viável, até porque sendo Brera Holdings uma empresa cotada na bolsa de valores nalgum momento ia se financiar lá, e todos sabemos como funciona o mercado de capitais”, explicou.

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Foi fundado no dia 24 de Junho de 1987 como presente da Sociedade do Notícias aos desportistas por ocasião dos 12 anos de Independência Nacional, que se assinalaram nesse mesmo ano.