Enquanto narrava a sua história futebolística, Altino abriu um parêntesis para dizer que “quando era juvenil no Ferroviário de Maputo interrompi a minha carreira para ir à África do Sul. Venho de uma família humilde e as condições não estavam boas lá em casa”.

Altino lamenta, mas não tinha escolha. “Tive de interromper a escola. Estava no 3.º ano da Escola Industrial. Estava a fazer o curso de TF (Torneio Fresador). Depois disso o meu sonho era entrar no Instituto Industrial. Mas, infelizmente, um tio meu levou-me e fui trabalhar por um ano e seis meses para ajudar no sustento da família. Trabalhava numa estação de serviço pertencente a um supermercado de cidadãos portugueses, o que facilitou a comunicação”.
Um dirigente do Ferroviário, sentindo a ausência prolongada de “um cabrito no rebanho”, decidiu procurar por Altino. A família deu-lhe o endereço e num belo dia surpreendeu o seu jogador em plena jornada laboral e aconselhou-o a voltar para casa. “Aceitei e fiz o meu segundo e último ano nos juvenis do clube”.