Dentre os craques que passaram pelo Ferroviário de Maputo, Altino merece um lugar de destaque. Baixinho e franzino, causou sensação nos anos 90 e metade da década seguinte, brilhando em vários palcos com a sua sua rapidez de execução e técnica acima da média, com a qual destilava fintas desconcertantes, que lhe permitiam desembaraçar-se de adversários mesmo em situações de aperto extremo, ao que se seguiam assistências milimétricas ou golos decisivos para a equipa “locomotiva”, à qual ajudou com três campeonatos nacionais (96, 98/99 e 2002) e uma Taça de Moçambique (2004).

O nosso craque assume que o seu apelido é Sibiya, mas por falhas no acto do registo é oficialmente conhecido como Altino Fenias Mabene Zibia. Veio ao mundo no dia 4 de Maio de 1974. É filho de Filimão Mabene Zibia e de Lizy Fenias Chirindza. “O meu pai teve muitos filhos, que não saberia enumerá-los, mas da parte da minha mãe éramos cinco, todos homens. Infelizmente faleceu o mais velho, o Augusto. Depois dele venho eu e o Alcindo, meu irmão gémeo. A seguir vêm o Justino e o Erménio. “Todos os meus irmãos têm jeito para o futebol, alguns jogaram no Ferroviário, Maxaquene e Desportivo, mas em termos de notoriedade eu é que fui mais longe”.
RAPAZ DO BAGAMOYO
O perfil de craque começa a desenhar-se nas ruas do seu bairro, o Bagamoyo, onde jogava futebol com uma bola improvisada. “Fazíamos as nossas bolas com câmaras-de-ar de bicicleta e divertíamo-nos com elas. Na escola, a brincadeira também era futebol, tanto é que fui campeão pela Escola Secundária de Bagamoyo, nos Jogos Escolares”, diz Altino, que a seguir conta que o seu primeiro clube federado podia ter sido o Costa do Sol.
“Tinha 11 anos quando um senhor viu-me a jogar no bairro e gostou de mim. Deu-me um bilhete para apresentar-me no Costa do Sol. Fui mostrar à minha mãe. Ela disse que não sabia como é que o meu pai iria reagir, visto que é adepto do Ferroviário. Felizmente, ele disse que podia jogar onde eu quisesse, mas por causa da distância, entre outros factores, acabei não indo”.
Em 1988 foi treinar no Estrela Vermelha, mas não ficou. “A distância dificultou, razão pela qual fui à CONSENG, quando o Eng. Óscar de Carvalho implementou um projecto de camadas jovens. Os miúdos treinavam no campo da Habitação. Só que a ideia não durou muito tempo e quando morreu procurei outro destino, com alguns amigos”.