Justino Francisco, candidato às eleições inicialmente agendadas para o próximo sábado na Federação Moçambicana de Natação (FMN), quer acabar com uma prática da modalidade centrada na cidade de Maputo, o que passa pela criação efectiva das associações provinciais que neste momento existem no papel, mas sem nenhuma acção.

São as associações e núcleos desportivos que, uma vez implantados e melhor estruturados, vão pôr em prática a massificação desportiva, este que é um dos pilares do seu manifesto tendo como objectivo aumentar o número de atletas, o que vai permitir o alargamento da base de talentos e, consequentemente, a realização de campeonatos ao nível nacional. Tudo isso vai proporcionar, na visão do entrevistado, a alta-competição e consequente fortalecimento das selecções nacionais.
O antigo presidente do Clube de Natação Golfinhos de Maputo, que concorre pela segunda vez ao trono da FMN, depois de ter saído derrotado das eleições realizadas em 2014, ganhas por Fernando Miguel, entende que já não faz sentido promover campeonatos que se intitulam nacionais mas que na prática envolvem apenas atletas da cidade de Maputo.
Aconteceu no último Campeonato Nacional Individual, que se realizou em Fevereiro na piscina curta da Associação de Natação da Cidade de Maputo (ANCM), em que apenas atletas de clubes de capital competiram entre si. Questionado sobre o que o leva de volta à disputa do trono da FMN, o candidato afirmou que inicialmente foi convidado a integrar uma lista curiosamente suportada pela Associação de Natação da Cidade de Maputo (ANCM) e ao longo de processo foi colocado como cabeça, quando na altura se propalava o nome de Carlos Comé, por sinal antigo presidente da Mesa da Assembleia-Geral daquela agremiação. Aliás, avançou que foi o próprio Carlos Comé que o propôs que fosse cabeça da lista.
Indagado se traz de volta o mesmo projecto que tinha quando se candidatou pela primeira vez à presidência da FMN, o entrevistado disse que em primeiro lugar deve assumir que tem um manifesto e objectivos por alcançar, sendo que boa parte coincide com os propósitos que tinham sido traçados na primeira vez que concorreu ao trono da natação.
“Visto assim por alto, este é o plano geral que temos para a natação. O plano tem naturalmente as suas nuances e seus pormenores, que passam, primeiro, por formar uma estrutura forte. Há um trabalho intenso que deve ser feito ao nível das províncias. Mas como nem todas as províncias têm associações, é preciso implantá-las onde elas não existem e também criar núcleos de natação e colocar esses organismos desportivos a funcionar”, referiu.
REACTIVAÇÃO DE PISCINAS E FORMAÇÃO
DE TREINADORES COMO PRIORIDADES
Moçambique tem muitas piscinas e até olímpicas. Deste modo, a natação não devia, segundo Justino Francisco, continuar a ser oficialmente praticada apenas na cidade de Maputo.
“Moçambique deve ter cerca de quatro piscinas olímpicas, algumas reabilitadas e outras meio-funcionais. Tivemos há pouco tempo um Campeonato Nacional que não se pode chamar como tal, pois só lá estavam clubes da cidade de Maputo. Então, temos de movimentar a natação em todas as províncias, aproveitando as infra-estruturas existentes e contribuir para que elas estejam em funcionamento”, sublinhou, salientando que se essas acções forem acompanhadas com a formação de técnicos em toda a escala, a natação pode conhecer melhores momentos nos próximos anos.
“Essa é uma das grandes lacunas que reparei. Por exemplo, não tenho memória de cursos de formação de técnicos de qualquer nível ao longo da existência da FMN. Nós conseguimos fazer isso ao nível do clube Golfinhos e os nossos técnicos tinham certificação internacional. Estavam filiados na ASCA e na Associação Sul-Africana de Treinadores de Natação”, destacou.