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O ADEUS DE DOMINGUEZ QUE (AINDA) NÃO FOI ANUNCIADO!

O futebol é implacável. Independentemente do talento ou da história de um jogador, a equipa segue em frente e as oportunidades passam rapidamente de uma mão para outra.

O jogo nunca é apenas sobre os noventa minutos, mas também sobre quem entra, quem sai e, por vezes, quem fica pelo caminho antes mesmo do apito inicial. Para os “Mambas”, dois nomes de peso ficaram pelo caminho, nomeadamente Dominguez e Mexer. São dois jogadores que não são apenas peças no tabuleiro, mas parte da alma da selecção. Sem eles, Moçambique entra em campo.

A notícia caiu como um balde de água fria. Dominguez, o eterno capitão, não embarcou para o Egipto no passado domingo. Não por lesão e não por opção técnica, mas por um atraso burocrático, um passaporte entregue tarde demais. A braçadeira que tantas vezes envergou com orgulho não esteve no seu braço, desta vez. O maestro do meio-campo, o jogador que com um toque mudava o ritmo do jogo, vê-se agora do lado de fora. E, no entanto, a pergunta que fica é: será que um erro administrativo deve ser o capítulo final da sua história com a selecção?

Dominguez sempre foi mais do que um jogador. Ele é o símbolo da resistência, da criatividade e da magia dentro de campo. Agora, por um detalhe fora das quatro linhas ele está fora. Chiquinho Conde não escondeu a tristeza. “Há coisas que dificilmente ultrapassamos”, disse o seleccionador, quase resignado.

Mas o que dói mais? perder um capitão por um erro evitável ou perceber que, talvez, estejamos a assistir ao fim de uma era?

Mexer, por sua vez, sai por outra porta. A porta inevitável da lesão. O clube pediu a sua dispensa, justificando um problema no tendão de aquiles. Para um defesa, os tendões são como os cabos de aço, que sustentam uma ponte. Se falham, tudo desmorona. E assim, um dos pilares da retaguarda moçambicana fica de fora. A defesa dos “Mambas” terá de encontrar nova solidez sem ele, sem a sua leitura de jogo e sem a sua voz de comando.

Sem Dominguez e sem Mexer, a selecção perde mais do que a qualidade técnica. Perde líderes. Perde experiência. Perde referências. São aqueles jogadores que nos momentos de sufoco chamam a bola para si, acalmam os mais jovens, organizam o caos e transformam a pressão em motivação.

Mas o futebol é dinâmico, e o jogo não espera por ninguém. Para cada ausência, há um novo nome na lista. Melque Alexandre recebe a oportunidade de mostrar serviço no ataque. Reinildo, Edmilson Dove, Chamboco e Chico Muchanga assumem a responsabilidade de segurar a defesa. O campo está aberto, as vagas estão ali para serem conquistadas. Mas a verdade é que substituir lendas nunca é apenas uma questão de talento.

Os “Mambas” embarcaram com um plantel renovado, mas a sombra de Dominguez e Mexer paira sobre a equipa. Eles não estarão em campo, mas a sua ausência será sentida em cada jogada. Será que esta é apenas uma pausa ou estamos a assistir ao fim de um ciclo dourado.

O campo responderá às dúvidas. A ausência de dois jogadores fundamentais será um teste à maturidade da selecção. Agora, cabe aos que ficam mostrar que Moçambique é mais do que dois nomes, e que o futuro da equipa pode ser construído sobre novas bases.

A responsabilidade agora recai sobre jogadores que, embora talentosos, ainda não carregam o peso da experiência que Dominguez e Mexer acumulam ao longo dos anos. A selecção precisa não apenas de substitutos técnicos, mas de líderes em campo, vozes que acalmam nos momentos de pressão e que saibam conduzir a equipa para um novo ciclo de vitórias.

Chiquinho Conde tem o desafio de manter a equipa competitiva sem duas das suas principais referências. O treinador já demonstrou que valoriza a disciplina e o compromisso, mas precisará também de garantir que a ausência dessas figuras não comprometa a estrutura da selecção. Será um momento de adaptação, onde a capacidade de reinvenção será crucial para o desempenho da equipa.

Se este será um novo capítulo ou apenas uma breve pausa na história de Dominguez e Mexer com os “Mambas” ainda não se sabe. O certo é que a selecção continuará a evoluir, e os jogos que se seguem serão um teste para a nova geração. O desafio não é apenas substituir nomes, mas manter a identidade e o espírito de uma equipa que busca superar os desafios em campo.

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