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TRÊS PONTOS

DRIBLES DE SUCESSO, MAS E O REGRESSO?

O basquetebol moçambicano tem testemunhado um aumento significativo na presença dos seus atletas em competições internacionais, o que de certa forma reflecte a qualidade e o potencial de jogadores formados no país. Este fenómeno destaca a importância de um investimento contínuo nas camadas de formação. 

Chana Paxixe é um exemplo emblemático dessa trajectória. Após destacar-se na Selecção Nacional Sub-16, em 2017, Chana representou o Benfica, em Portugal, e também integrou a equipa das High Point University Panthers, nos Estados Unidos da América.Recentemente teve uma actuação notável, ao ser eleita a Jogadora Mais Valiosa (MVP) na partida em que sua equipa conquistou o Campeonato da Big South Conference, garantindo assim uma vaga no Torneio Nacional da NCAA. A sua performance ressalta não apenas o talento individual, mas também a eficácia da formação recebida em Moçambique, concretamente no Costa do Sol, clube que representou até o escalão Juvenil. 

Sandra Magoliço, Madina Camara e Filipa Calisto também têm trilhado caminhos de sucesso. As três atletas foram peças fundamentais no New Mexico Junior College, onde em Março de 2023 conquistaram o título da Região V da National Junior College Athletic Association (NJCAA). Na final contra o South Plains College, Sandra contribuiu com seis pontos e cinco ressaltos, Madina registou quatro pontos, seis assistências e quatro roubos de bola, enquanto Filipa adicionou dois pontos e dois ressaltos na vitória por 56-37. 

Filipa Calisto, especificamente, teve uma participação destacada no Campeonato Africano Sub-18 de 2018, ajudando Moçambique a alcançar o segundo lugar e garantindo a qualificação para o “Mundial”Sub-19 de 2019. Nesse torneio mundial, Filipa manteve uma média de 6.4 pontos por jogo, o que consolidou a sua reputação como uma das promissoras atletas moçambicanas.

Carla Budane, por sua vez, actualmente integra a equipa das Wichita State Shockers, continuando a “tradição” de atletas moçambicanas que buscam firmar-se além-fronteiras.

A trajectória dessas jogadoras ressalta a importância de um investimento contínuo nas camadas de formação em Moçambique. Ao fortalecer as bases do basquetebol local, promover competições escolares, programas de caça  talentos e oferecendo bolsas de estudo, o país pode não apenas preparar atletas para oportunidades internacionais, mas também assegurar que, ao regressarem, contribuam com experiências enriquecedoras para o desenvolvimento do desporto nacional.

Contudo, surge uma questão pertinente: como garantir que o êxodo de talentos para o exterior resulte em benefícios tangíveis para o basquetebol moçambicano a longo prazo? A resposta pode residir na criação de programas estruturados de acompanhamento e reintegração, assegurando que essas atletas mantenham vínculos com as selecções nacionais e compartilhem os conhecimentos adquiridos internacionalmente.

Em suma, enquanto a presença de jogadoras moçambicanas em ligas estrangeiras é motivo de orgulho e demonstra a qualidade do talento nacional, é imperativo que Moçambique invista estrategicamente na formação de base. Desta maneira será possível transformar o sucesso individual dessas atletas em um legado duradouro que eleve o nível do basquetebol no país.

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Foi fundado no dia 24 de Junho de 1987 como presente da Sociedade do Notícias aos desportistas por ocasião dos 12 anos de Independência Nacional, que se assinalaram nesse mesmo ano.