Leonor Marizola tem de 59 anos de idade e nasceu na cidade de Maputo, no bairro de Maxaquene. Foi, depois, morar na província de Gaza e, mais tarde, regressou à capital do país para continuar com os estudos na “Josina Machel” e “Noroeste 1”.

Foi proclamada Melhor Treinadora do ano 2024, no Andebol, e homenageada na Gala Nacional do Desporto.
“Sinto-me honrada e realizada no meio de craques. Fui nomeada a melhor, isto motiva-me a continuar a trabalhar e, claro, precisamos de apoio para chegarmos aos campeonatos”.
Leonor teve o convite da sua amiga Domingas, que a incentivou a se formar em curso de Educação Física e Desporto no Instituto Nacional de Educação Física.
“Partiu de uma formação num ‘workshop’, fiquei interessada pela disciplina durante as sessões e disse para mim: serei treinadora”.
Marizola está ligada ao desporto desde os anos 70. O seu olhar reflecte emoções do passado e orgulho da pujança que domestica o estigma. Em Chongoene e Xai-Xai fazia parte de um grupo cultural e em todos os eventos protocolares dançava e cantava.
Iniciou no desporto praticando o basquetebol e andebol e, no final, decidiu-se pela segunda disciplina.
Recorda que através do Desporto muitos quadros foram formados. Num dia como este, 7 de Abril, por exemplo, tínhamos eventos internacionais para todas as modalidades, para celebrarmos. Vinham duas ou três equipas para a competição, e vencíamos todos os jogos no andebol”.
Cheia de energia, partilha os momentos cruciais da sua juventude no desporto.
“Íamos ao Parque dos Continuadores assistir às provas de atletismo. Gostava de ver a Ludovina Oliveira, no basquetebol, Esperança Sambo e Aurélia Manave. Emília Moiane, carinhosamente tratada por “mamusca“, Lucília Caetano, Luísa Langa, Daniel David, Penalva César, Lina Nhampule, Emília Magaia, Sara Mazivila, Manuel Ribeiro e Joel Limbombo, no andebol, isto é, não havia homens e mulheres, fazíamos festa pelo desporto“.
Muitas mulheres não querem depender dos homens, pois dizem elas que somos todos iguais e reconhecidas pelos nossos trabalhos.
Licenciada em Ciências do Desporto, pela Universidade Pedagógica de Maputo, em 2005, Leonor Marizol foi seleccionadora da cidade e província de Maputo dos Sub-16 e Sub-19 e chegou a ocupar o terceiro lugar no Torneio Regional Challengers, da Zona VI.
“Hoje, o maior número de atletas da selecção de Andebol saiu dos jogos escolares treinados por mim e pela Escola Secundária Mateus Sansão Mutemba. Sempre fiz uma combinação: Cultura e Desporto. Faziam de mim uma mulher destacada entre os homens. O trabalho que faço exige resiliência”.
– Estou grata por todos os alunos que passaram por mim, fiquei conhecida através do desporto, desde a minha formação. Lembro-me dessa altura em que praticávamos desporto, porque estava na moda. Havia exigências na escola, assim como nas quatro linhas. Quando faltássemos às aulas, o treinador dizia que não iríamos jogar, isso influenciou muito para continuar com os estudos”.
Para Marizola, a vida é pelo desporto, que se associa à saúde e vitórias.
“Não tenho outro vício. Vivo através do desporto, tenho estudantes que frequentam o Ensino Superior em Ciências e Desporto na UEM. Nos últimos tempos, o desporto teve um declínio. Há falta de infra–estruturas, hoje não consigo levar a selecção que treino, por falta de verbas. Não obstante, somos todas vencedoras e mulheres de ouro”.