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ENTREVISTA

MARIA MUNGUAMBE FOI PRIMEIRA PROFESSORA NA UEM

A professora da Escola de Ciências e Desporto da Universidade Eduardo Mondlane, Maria de Lurdes Munguambe, de 58 anos, foi jogadora de  basquetebol e andebol e mais tarde praticante de voleibol.

“Nunca pensei em desistir. Julgava-me como os homens, capaz de contribuir para o desenvolvimento do país. Fui a primeira professora de Educação Física na UEM”.

Ela fez parte do grupo que fundou a Escola Superior de Ciências do  Desporto, em 2009-2010, da UEM. Tem o Curso de Gestão Desportiva, formada na África do Sul, e dirige o Centro de Desenvolvimento e Educação Física. Recorda que enfrentava preconceitos, mas os progenitores sempre estiveram presente na vida dela .

“Foi difícil, os meus pais foram determinantes. Foram pressionados a organizar o meu casamento, mas porque acreditavam em mim, e o meu professor de educação física também, saí da minha terra natal, província de Gaza, para Maputo, onde fiz o curso de Educação Física com o objectivo de tornar-me professora.

O machismo oprime as mulheres todos os dias. São inúmeras barreiras que as mulheres enfrentam para atingir resultados notáveis em diversos espaços, como no desporto.

Há cada vez mais mulheres a embarcarem na formação em Desporto. “Nunca pensei em desistir, porque gostava do que fazia. Apoiávamos um ao outro, na minha turma éramos três: eu, Ângela Garrine e Fauzia Ganda. Conseguimos concluir com sucesso e estamos posicionadas, porque quebrámos barreiras”, orgulha-se Maria de Lurdes Munguambe.

“Antes, participei nos Jogos Escolares, na selecção de andebol, em 1987. Quando cheguei a Maputo joguei pelo Costa do Sol, mais tarde passei para o voleibol e terminei a minha carreira na Académica. Fiz o meu último jogo em 1992, em Gaberone. Partilhei as quatro linhas com as irmãs Amélia e Rezia Cumbe”.

Afirma que fez parte de uma geração de ouro, que não tinha limitações para vencer.

“Diziam aos meus pais que mulher não foi feita para usar calções. Dirigi os Jogos Escolares da UEM, vi a Formação da Académica a emergir desde 1995, 96 e 97 já ganhávamos títulos. Fomos campeãs nacionais em 1998-2001, atingindo o auge com a conquista do título continental em basquetebol feminino em 2001, ao sagrar-se campeã africana em Abidjan, na Costa do Marfim, com jogadoras como Ana Flávia Azinheira, Deolinda Ngulela, Nádia Rodrigues, com a equipa técnica orientada por  Armando Meque e Francisco Conceição. Somos mulheres de ouro, em especial a minha mãe. Realizámos sonhos.

Contudo, reitera a importância da massificação do desporto nas zonas rurais, através das estratégias e protecção da mulher, no geral.

Devem continuar clamando por iniciativas, através das instituições públicas e privadas, com o objectivo de agregar melhorias nas condições da mulher ligada ao desporto, seja ela professora, treinadora, jogadora, gestora, jornalista, como também o reconhecimento e acolhimento da rapariga em todas as áreas na sociedade”.

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Foi fundado no dia 24 de Junho de 1987 como presente da Sociedade do Notícias aos desportistas por ocasião dos 12 anos de Independência Nacional, que se assinalaram nesse mesmo ano.