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ENTREVISTA

SUZETE CHIPANDE: DE BASQUETEBOLISTA A MASSAGISTA

Suzete Romão Chipande é massagista do Ferroviário de Maputo e profissional de saúde no Hospital Central de Maputo. “Eu comecei como atleta no Grupo Desportivo de Maputo. Treinei basquetebol, embora tenha começado pela natação. Acabei por me apaixonar pelo basquetebol até ao nível sénior. Depois, tive de abandonar para seguir a faculdade. Fiz licenciatura em enfermagem, no ISCISA”.

Suzete conta que sempre teve vocação para cuidar do próximo. “Sempre quis ser alguém que serve ao povo. A saúde é exactamente isso: servir. Por isso, corri para fazer a licenciatura”.

O reencontro com o desporto surgiu pelas mãos do Dr. Abel. “Ele foi nosso massagista no Desportivo, quando eu era atleta. Quando soube da minha licenciatura, foi buscar-me para voltar “para casa”, desta vez como massagista. Comecei a trabalhar no Desportivo, onde fui muito bem acolhida”.

A experiência no Desportivo revelou-se essencial. “É um clube muito familiar. Foi aí que fui ganhando experiência, ouvindo, aprendendo e entregando-me ao trabalho”. 

O reconhecimento chegou naturalmente: “Os atletas vão mudando de clube e vão comentando sobre com quem trabalharam. Foi desta maneira que o Ferroviário soube de mim. Fui indicada e contratada”.

DESAFIOS E CRESCIMENTO NO FERROVIÁRIO DE MAPUTO

“O Ferroviário é um clube com muita responsabilidade. Um clube grande, com exigência profissional e contratos. Mas como já vinha com bagagem, consegui engrenar. Lá comecei a trabalhar com futebol masculino e basquetebol. Mais tarde, transitei para o basquetebol feminino”.

Para Suzete, o género do atleta não muda a sua abordagem. “Homem ou mulher, o segredo é saber lidar, saber estar e saber ser. Saber ouvir, engolir certas coisas e manter o foco profissional”.

“Nunca senti inconveniência por ser mulher. Fui bem recebida pelos rapazes e acredito que muitos gostam de trabalhar com mulheres. Mas é preciso impor respeito e ser profissional. É importante deixar claro quem somos no ambiente de trabalho. Aqui sou massagista e colega. Lá fora sou mãe e  esposa”.

Ela reconhece, no entanto, que ainda há tabus. “Ainda existe a ideia de que só homens devem estar no desporto. Mas nós, mulheres, temos de mudar isso. Fui uma das primeiras massagistas a trabalhar com equipas masculinas e a viajar com elas. Isso serviu de exemplo para outras”.

“Muitas mulheres não têm a mesma qualificação. Para entrar no desporto, não basta curiosidade. É vida humana. Temos de estar preparadas. Formação é essencial. Dou muita força às mulheres para se qualificarem”.

Suzete já concluiu o mestrado em saúde mental e acredita que isso faz diferença. “Ajuda-me a levantar os atletas emocionalmente. Devia até ser uma disciplina integrada na medicina desportiva”.

“Somos muito fortes. Não aceitemos abates psicológicos. Temos capacidade e coragem. Continuemos firmes. Formem-se, estudem mais. A formação tem um peso enorme e pode abrir portas”.

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Foi fundado no dia 24 de Junho de 1987 como presente da Sociedade do Notícias aos desportistas por ocasião dos 12 anos de Independência Nacional, que se assinalaram nesse mesmo ano.