O moçambicano Armando Sá encontra-se como adjunto do Pacific FC, no Canadá. O ex-jogador de Benfica e Sporting de Braga, ambos de Portugal, procura um novo projecto e quer dar o próximo passo na carreira como treinador, assumindo uma equipa sénior.
Em entrevista à publicação Desporto ao Minuto, esta quarta-feira, conta todos os bastidores da sua ida para o Canadá e as motivações para seguir como técnico, depois de uma carreira com vários títulos.
O que o motivou a seguir uma carreira como treinador?
Na parte final da minha carreira no Irão, já ajudava bastante o treinador, eles pediam-me opinião, já participava em algumas reuniões e dava algumas ideias. Quando acabei a carreira, fui para Portugal e treinei o Cultural da Pontinha, na altura os sub-15, e comecei a fazer uma transformação em mim mesmo. Começo a querer ter mais informação de futebol, mais conhecimento de como dar e organizar o treino e fui tirando os meus cursos.
Como é que surgiu a proposta do Pacific FC?
Lembro-me de vir ao Canadá jogar com as lendas do Benfica, contra o AC Milan, e um amigo meu, que era do Ajax, e foi aqui treinador do Toronto FC, e ele fez-me o convite para director técnico para dar uma filosofia à equipa. Agora, estou na 1.ª Divisão do Canadá, como treinador-adjunto, vai já para o quarto ano que estou aqui a trabalhar.
Foi difícil adaptar-se à vida no Canadá?
Não foi difícil. Sabemos que o futebol no Canadá ainda está em progressão, há muito caminho por percorrer. Desde que cheguei, já evoluiu bastante. Estou cá já há cerca de 10 anos, mas, no início, não eram muito profissionais, não entendiam muito bem esse conceito, mas foi crescendo e, agora, está a entrar num patamar alto, onde as pessoas já começam a perceber o que é ser profissional no futebol, porque, no hóquei no gelo e no basquetebol, é outra realidade. Antigamente, não havia sequer uma Liga de futebol no Canadá, as equipas jogavam na MLS, nos Estados Unidos da América, como o Vancouver Whitecaps, o Toronto FC e o CF Montréal, e a Liga interna não existia ainda.
Agora, existe já há sete anos, é uma Liga nova, está a seguir os mesmos passos que a MLS, está a progredir, está a correr bem, mas há momentos bons e momentos maus, há alguma frustração por não ser a minha ideia de ver o jogo, de entender o jogo, não só o jogo em si, mas o conceito do futebol aqui, da filosofia de um clube… Eu trouxe algumas ideias novas da minha parte, mas as pessoas não estavam habituadas, tiveram de se habituar a novas ideias. Foi uma aprendizagem muito grande e agora já há muitos bons profissionais, aqui, no Canadá, vão fazendo com que o país evolua no desporto. Temos o caso da selecção do Canadá, que é muito forte, com qualidade e treinada por Jesse Marsch. Tive momentos de frustração, mas este é o caminho, é o processo e está num bom caminho.
Os planos para o futuro passam pela Europa? Portugal, talvez?
Sim, agora é outra etapa, já estive nas camadas jovens, fiz todo o processo de formação. Agora, estou como adjunto, fui crescendo bastante e o objectivo é assumir um projecto, porque sinto que tenho muita coisa para dar, sobretudo, com as minhas histórias.
Algum convite, já? Ou nada por enquanto?
Já tive vários convites, mas nada que me puxasse. Tem de ser um convite em que eu me sinta valorizado e onde eu possa valorizar também o projecto. É isto que eu procuro, acho que as coisas estão num bom caminho e agora é estar preparado para, quando um bom projecto aparecer, estar preparado para corresponder e encará-los.
