O debate sobre a vontade de mudar o calendário desportivo continua na ordem do dia. Depois de ouvir os dirigentes e treinadores dos clubes do Moçambola, desafio trás a opinião do director técnico da Federação Moçambicano de Futebol (FMF), Arnaldo Salvado, também com uma vasta experiência de treinador.
Ao longo da conversa, Salvado, por vezes cáustico, defendeu a manutenção do calendário actual, que considera o mais ideal para o país, alegando os aspectos climatéricos, facto que já referiu em anos anteriores.
Começou por dizer, à nossa Reportagem, que “para mudar de calendário é preciso que haja uma razão muito forte e que nos faça acreditar que vai trazer benefícios para o desenvolvimento do futebol, no geral. Neste momento, não vejo razão alguma para mudar o calendário que não seja o alinhamento ao calendário da CAF”, disse, acrescentando que “pelo que li, as colectividades defendem que a pretensão está ligada ao facto de trazer benefícios aos clubes nas competições internacionais, bem como à Selecção Nacional. Não creio”.
Salvado vai mais adiante e explica que “os calendários são sempre em função do clima, em todo o mundo. Por que é que o calendário na Europa começa em Agosto e acaba em Maio? Porque eles (jogadores) querem passar férias no Verão com os filhos, já que estes estão, nesse período, de férias escolares. Portanto, o calendário é influenciado pelo clima. Em Moçambique, a partir de Novembro/Dezembro os meninos entram de férias e aproveitam o período para estar com os pais”.
Salvado falou também das temperaturas altas nesse período, considerando não serem adequadas para os jogos. “Os atletas estariam obrigados a jogar em temperaturas altíssimas, a atingir 40 graus, e o público também sofreria com isso. Infelizmente, não há condições para jogar com luz artificial, o que minimizaria o impacto do calor. Por isso, acho que não valeria a pena estar a competir nesse período e ter férias em tempos mais frescos do ano. Ou seja, não adianta mudar só por mudar”.