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Wilton Calicoca, um mestre que forma campeoes dentro e fora do tabuleiro
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ENTREVISTA

O MESTRE DAS 64 CASAS

No tabuleiro, onde cada peça carrega um papel e cada jogada pode decidir um destino, Wilton  Calicoca aprendeu a dominar mais do que o jogo das 64 casas. Aprendeu a mover-se pela vida com estratégia, paciência e visão.

Natural da Beira, é no bairro de Matacuane que o primeiro lance da sua carreira foi feito, ainda na juventude, quando se apaixonou pela modalidade que exige mais da mente do que do corpo.

No xadrez, há quem veja apenas um passatempo. Mas para Wilton, o jogo tornou-se paixão, carreira e missão. Entre bispos e torres, desenvolveu não apenas a sua técnica, mas também um compromisso imensurável com o crescimento da modalidade em Moçambique. E mais do que isso, uma carreira, um propósito.

 DE MATACUANE PARA O CENÁRIO INTERNACIONAL

Ainda jovem, foi descobrindo que o jogo das casas alternadas poderia levá-lo muito além das fronteiras do seu bairro. Com disciplina e entrega, começou a destacar-se no cenário nacional, o que o levou a ser um  jogador respeitado. Mestre da Federação Internacional de Xadrez desde 2012, carrega no currículo presenças em Olimpíadas e torneios internacionais. Desde então, tem seguido um percurso marcado pela dedicação à modalidade e pela vontade de ver o xadrez crescer em Moçambique. Para ele, é preciso apostar nas bases e reforçar a presença do jogo nas escolas.

Em mais de uma  década, aprendeu que nem sempre se ganha na primeira tentativa e que precisa de mais xeque-mates.

Hoje, além de competir, dedica-se a ensinar. Treina jovens talentos. Porque, para ele, o verdadeiro campeão não é apenas aquele que sobe ao pódio, mas também quem forma outros campeões. Mesmo com conquistas importantes, Wilton reconhece que o xadrez nacional atravessa uma fase difícil e que é necessário criar estratégias para inverter o quadro. Ele acredita que a juventude pode ser a chave para esse processo.

E é com essa filosofia que fala do seu percurso, dos desafios do xadrez nacional e dos sonhos que ainda tem para conquistar.

“Dei início ao xadrez na Beira, no bairro de Matacuane. Foi ali que me apaixonei pela modalidade, o que me motivou nesta modalidade foi a técnica. Eu achei interessante. É uma modalidade que também faz soar a mente. Então, no primeiro contacto, apaixonei-me,” disse.

O tempo foi passando, e para Calicoca o jogo tornou-se mais ousado e mais internacional. “Participei nas competições internacionais. A estreia nas grandes ligas veio em 2012, nas Olimpíadas de Xadrez, em Istambul”.

 “Depois da Turquia, fui à Noruega – Tronso (2014), Azerbaijão – Baku (2016) e Geórgia – Batumi (2018). Nos africanos em Angola, alguns “opens” no Malawi e Zimbabwe”, disse com orgulho.

O título de Mestre-FIDE veio também em 2012, como reconhecimento do seu desempenho e dedicação. Mas, como um grande estratega, Wilton não se deixou acomodar no título.

Passado muito tempo desde a sua consagração, Wilton observa com alguma preocupação o estado actual do xadrez em Moçambique.“Ultimamente estou a ver um retrocesso sobre o estado do xadrez no país”, alertou.  “Temos  que dar um olhar mais profundo. Aí podemos melhorar”, salientou.

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