Há histórias que se contam com medalhas, tempos cronometrados e vitórias. Mas há outras narradas com a alma, dedicação e amor profundo por aquilo que se faz. A história de Ana Filipa Lobo pertence à segunda categoria e é feita de água, de emoção e de entrega. A sua vida está ligada à natação, como o mar está ligado ao horizonte.
Num país em que o desporto ainda luta por maior valorização, a voz dela é uma das que não se calam. Vozes que não apenas incentivam, mas que treinam, orientam e constroem talentos com a convicção de quem sabe onde quer chegar. Treinadora principal do Clube Barracudas de Maputo, Ana não apenas coordena treinos e planeia competições. Ela é o motor de arranque, o combustível e, muitas vezes, o próprio volante de uma modalidade que ainda carece de apoios. Com quatro épocas desportivas ao serviço do Barracudas, ela acredita que a transformação do desporto nacional começa nas bases, no incentivo, na continuidade e, sobretudo, na formação de atletas como cidadãos completos.
Filha de uma ex-atleta, Ana mergulhou na piscina, pela primeira vez, aos nove anos, mas talvez o seu destino já estivesse escrito nas braçadas da mãe. Desde então, nunca mais saiu da água. Primeiro, como atleta, e depois, como treinadora e seleccionadora nacional, ela transformou o seu dom em missão, abrindo caminhos para tantos outros nadadores que hoje brilham dentro e fora do país.
Do tempo em que foi atleta à sua distinção como Treinadora do Ano, em 2023, o percurso de Ana Filipa tem sido um mergulho cheio de desafios, conquistas e sonhos por realizar. É o retrato de uma mulher que transformou a paixão em missão e o compromisso com os seus atletas em razão de vida.
Não se limita ao treino técnico, acredita que cada braçada deve ter sentido, que o desporto é, acima de tudo, uma forma de educar, construir carácter e mudar vidas.